Redes e hierarquias urbanas
(6 aulas)
Ao abordar conceitos fundamentais para o
entendimento da urbanização brasileira durante o século XX e as causas
históricas que ajudam a explicar a maior concentração populacional e de
atividades econômicas no Sudeste (em particular, nas regiões metropolitanas de
São Paulo e do Rio de Janeiro), vamos ampliar e fornecer uma visão de conjunto
sobre conteúdos já estudados sobre o espaço industrial, e estabelecer conexões
com o que já foi desenvolvido no 1º. bimestre sobre a formação do território
brasileiro, quando é ressaltada a importância da atividade mineradora para o
surgimento de cidades no Brasil, dentro da perspectiva das origens da rede
urbana brasileira atual. Enfatizaremos a configuração das atuais rede e
hierarquia urbanas brasileiras, esclarecendo conceitos importantes, tais como
urbanização, rede e hierarquia urbanas, região metropolitana, espaço polarizado
ou polarização, divisão territorial do trabalho, função urbana, metrópoles
nacionais e regionais, centros regionais e sub-regionais, entre outros.
O processo de
urbanização compõe a chamada rede
urbana, um conjunto integrado ou articulado de cidades em que se observa
a influência e a liderança das maiores metrópoles sobre as demais categorias de
cidades. Essa expressão é mais usada para evocar os fluxos (de bens, de pessoas
e, cada vez mais, de informações) que existem entre os pontos do território. A
rede urbana nacional compreende o conjunto das cidades do território nacional,
que exercem diferentes polarizações sobre
os fluxos de bens, pessoas e serviços estabelecidos entre elas e com as
respectivas áreas rurais. A rede urbana é formada por centros urbanos de
dimensões variadas, cujas relações são dinâmicas entre si e com campos de
forças de diferentes magnitudes que interagem no decorrer do tempo. O
conhecimento dessas interações permite estabelecer metas de políticas públicas
de desenvolvimento, tanto em relação à localização das atividades econômicas de
produção quanto para ampliar o reconhecimento das relações sociais e espaciais
que delas emergem.
As aglomerações urbanas mantêm e reforçam laços interdependentes
tanto entre si como também com as regiões que elas polarizam (concentram,
quando atrai a atenção para um determinado ponto) dentro de um dado território:
é a polarização.
Uma das características marcantes da estrutura dos
sistemas de cidades é a organização hierarquizada dos centros urbanos (a
hierarquia urbana), que varia conforme o tamanho, a qualidade funcional e a
extensão da zona de influência espacial dessas aglomerações. A hierarquia
urbana é estabelecida a partir da capacidade de alguns centros urbanos de
liderar e influenciar outros por meio da oferta de bens e serviços à população.
Por exemplo, na sala de aula existem alunos cujas famílias ou parentes são
procedentes de outras localidades e cidades. Quais os motivos pelos quais moram
onde atualmente estão e quais foram os motivos da mudança de residência? As
oportunidades de emprego, melhor instrução, melhores condições de vida, etc.
Essa é a atração exercida pelas metrópoles globais (São Paulo e Rio de
Janeiro), metrópoles nacionais (que influenciam todo o território nacional) e
metrópoles regionais (que influenciam certa porção ou região do País) sobre
outras categorias de cidades. São Paulo possui o maior conjunto urbano do país,
reconhecida pelo IBGE como a Grande Metrópole Nacional, devido sua facilidade
de atração.
A região metropolitana é estabelecida por legislação estadual, e corresponde a um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e de infraestrutura comuns, ou necessidade de seu estabelecimento, em função de um sistema de conexão existente entre as unidades que a compõem.
A região metropolitana é estabelecida por legislação estadual, e corresponde a um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e de infraestrutura comuns, ou necessidade de seu estabelecimento, em função de um sistema de conexão existente entre as unidades que a compõem.
A atual classificação da hierarquia urbana brasileira, realizada em
2007 pelo IBGE, está representada no mapa “Brasil: rede urbana, 2007” abaixo:
Os conceitos foram apresentados no documento
entitulado Regiões de influência das
cidades. As cidades foram classificadas em cinco grandes níveis:
1. Metrópoles -
são os 12 principais centros urbanos do País, que se caracterizam por seu grande
porte e por fortes relacionamentos entre si, além de, em geral, possuírem
extensa área de influência direta. O conjunto foi dividido em três subníveis,
segundo a extensão territorial e a intensidade destas relações:
a) Grande
metrópole nacional - São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5
milhões de habitantes em 2007, e alocado no primeiro nível da gestão
territorial;
b) Metrópole
nacional - Rio de Janeiro e Brasília, com população de 11,8 milhões e 3,2
milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão
territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados
em todo o País; e
c) Metrópole
- Manaus, Belém, Fortaleza. Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba,
Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões
(Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que
Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm
porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto.
2. Capital regional - integram este nível 70 centros
que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede
urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das
metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como
destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Como
o anterior, este nível também tem três subdivisões. O primeiro grupo inclui as
capitais estaduais não classificadas no nível metropolitano e Campinas. O segundo
e o terceiro, além da diferenciação de porte, têm padrão de localização
regionalizado, com o segundo mais presente no Centro-Sul, e o terceiro nas
demais regiões do País. Os grupos das Capitais regionais são os seguintes:
a)
Capital regional A - constituído por 11 cidades, com medianas de 955 mil
habitantes e 487 relacionamentos;
b)
Capital regional B - constituído por 20 cidades, com medianas de 435 mil
habitantes e 406 relacionamentos; e
c)
Capital regional C - constituído por 39 cidades, com medianas de 250 mil
habitantes e 162 relacionamentos.
3.
Centro sub-regional - integram este nível 164 centros com atividades de gestão
menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial;
têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos
à sua própria rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais.
Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do
Centro-Sul, e mais esparsa nos espaços menos densamente povoados das regiões
Norte e Centro-Oeste, estão também subdivididos em grupos, a saber:
a) Centro sub-regional A - constituído por 85
cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; e
b) Centro sub-regional B - constituído por 79
cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos.
4.
Centro de zona - nível formado por 556 cidades de menor porte e com atuação
restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares.
Subdivide-se em:
a)
Centro de zona A - 191 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49
relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72
cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não
classificadas como centros de gestão; e
b)
Centro de zona B - 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16
relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de
gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível daquela classificação.
5.
Centro local - as demais 4 473 cidades cuja cen-tralidaae e atuação não
extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes,
têm população dominante inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8 133
habitantes).
As cidades brasileiras desempenharam importantes
funções no processo de ocupação do território e serviram como sítios de suporte
ao povoamento, centros de controle político e de armazenamento da produção
agro-extrativa, núcleos de conexão com os circuitos mercantis, pólos de
crescimento industrial e nós das redes financeira e informacional.
Desde o século XVI até os dias atuais, podem ser identificadas
diversas formações territoriais que expressam as distintas relações entre
cidade e campo e mesmo entre as cidades no processo de desenvolvimento
brasileiro. Com base no estudo do geógrafo Cláudio A. G. Egler, podemos
sintetizar essas formações territoriais, observando os mapas “Brasil: expansão
urbana, 1534-1930” e “Brasil: expansão urbana, 1930-1993”:
a) formação territorial escravista atlântica: durante
a economia colonial, deu-se segundo a lógica do comércio triangular atlântico
em uma economia submetida ao monopólio mercantil e controle metropolitano, e,
durante o período de formação dos Estados nacionais, funcionou de acordo com
estruturas de poder oligárquicas (predomínio de pequeno grupo na direção dos
negócios públicos) e latifundiárias. No caso do Brasil, essas duas fases são
muito explícitas, correspondendo ao Período Colonial (de 1500-1534 até
1808-1822) e ao Império Nacional (1808-1822 até 1870-1889). No Período Colonial
e durante o Império Escravista, as cidades distribuíam-se pela franja costeira
com adensamentos nas áreas do Saliente Nordestino (Rio Grande do Norte, Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e os Recôncavos das Baías de Todos os
Santos (Bahia) e da Guanabara (Rio de Janeiro)
e em estuários e baixadas
costeiras (Baixada Santista). A mineração de metais e pedras preciosas foi
responsável pela interiorização do fato urbano nas Minas Gerais e Goiás. A
extração das drogas do sertão (especiarias extraídas do sertão do Brasil como
cravo, canela, pimenta, urucum, castanha e baunilha) promoveu esporádico
assentamento urbano na Bacia Amazônica e no Golfão Maranhense. O Vale do
Paraíba Fluminense foi responsável pela principal atividade econômica dessa
fase - a plantation escravista
de café. A geopolítica imperial foi a
responsável pelos avanços na fronteira meridional e na Bacia do Prata, levando
o assentamento urbano para o interior da antiga província de Mato Grosso, ao
longo da bacia do rio Paraguai. O avanço do complexo cafeeiro paulista,
considerado o principal motor do processo de interiorização do crescimento
urbano, avançou pelo Planalto Paulista ao longo do traçado das ferrovias que
abriam terras e escoavam o café para o porto de Santos;
b) formação territorial agromercantil nacional (1870-1889 e 1930-1945): ler na página 32, item 2;
c) formação territorial urbano-industrial
nacional (sua consolidação ocorreu a partir da década de 1930)
Observem as “Relações entre as
cidades em uma rede urbana”:
Compararem
as concepções clássica e moderna de rede urbana acerca das transformações nas
relações entre as cidades contemporâneas diante do avanço tecnológico e da
globalização da economia. O esquema clássico estabelece uma hierarquia de
relações entre as diferentes cidades, onde as cidades estabelecem suas
interações com as cidades imediatamente inferiores ou superiores. Desse modo, a
cidade local exerce influências e é influenciada
pela vila e pelo centro regional. A vila, porém, não tem interações diretas com
o centro regional, devendo "passar" primeiramente pela cidade local.
O nível mais elevado nessa hierarquia de rede urbana é a metrópole nacional. No esquema atual, as relações
concretas entre as cidades contemporâneas não seguem a hierarquia do modelo
clássico de rede urbana. Em função do desenvolvimento tecnológico, da evolução
no sistema de transportes e de comunicação, as interações entre as cidades têm
sido alteradas, permitindo a quebra na hierarquia urbana e mudanças expressivas
nas formas das cidades se relacionarem entre si. Esse processo viabiliza uma
maior flexibilidade nas relações entre cidades por intermédio da disseminação
(descentralização maior) dos fluxos e das relações entre as cidades de
diferentes dimensões.
Atividade Avaliativa (Individual e Manuscrita)
Datas de entrega:
2ºA - 14/09
2ºB - 14/09
2ºC - 17/09
2ºD - 14/09
2ºE - 14/09
2ºF - 16/09
2ºG - 14/09
2ºH - 17/09
2ºI - 16/09
2ºJ - 16/09
2. Leia a frase abaixo:
“A rede urbana é formada por centros urbanos de
dimensões semelhantes, cujas relações são estáticas entre si e com campos de
forças de similares magnitudes que não interagem no decorrer do tempo.”
Você concorda com a afirmação
acima? Justifique sua reposta.
3. Observe o esquema abaixo:
Analise o esquema apresentado e com base nos conhecimentos adquiridos com a leitura dos textos de apoio, redija um texto (entre 15 e 20 linhas) comentando as principais diferenças entre os esquemas Clássico e Atual das relações entre as cidades em uma rede urbana.
4. Diferencie os termos Metrópoles nacionais e Megalópoles.
5. Analise o mapa a seguir:
a.) Quais fatores foram responsáveis pelo surgimento da megalópole brasileira?
b.) Quais elementos definem a existência de uma megalópole?
c.) Qual a principal via que interliga as metrópoles?
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