terça-feira, 21 de julho de 2015

REPOSIÇÃO 1ºs ANOS - II. Os deserdados na Nova Ordem Mundial: as perspectivas de ordem mundial solidária

II. Os deserdados na Nova Ordem Mundial: as perspectivas de ordem mundial solidária
(4 aulas)


     O sistema mundial, moldado pela força das potências e por seus interesses, permite equilíbrio e funcionamento nas relações interna­cionais, mas gera uma profusão (grande quantidade) de terríveis efeitos colaterais.Muitos Estados nacionais territoriais re­centes, surgidos da descolonização (liberta­dos de uma ordem colonial que os oprimia) se inserem apenas marginalmente nessa nova ordem e, condenados ao isolamento, tendem a se desagregar, a se decompor. Freqüentemente são vitimados por terríveis conflitos regionais e internos, cujo índice de mortandade encon­tra-se entre os mais terríveis da humanidade, como nos exemplos recentes de Ruanda e Ser­ra Leoa, no continente africano. Desde a Se­gunda Guerra Mundial, 20 milhões de pessoas morreram nesses conflitos regionais.
            Outros países ainda procuram se erguer e se reorganizar após terem sido vítimas de guerras terríveis, que regionalizavam o confronto entre as superpotências na ordem mundial anterior. Esse é o caso do Vietnã, país vitimado por uma guerra horrível com os EUA. Guerra, aliás, que serviu para diminuir, na época, o desembaraço da ação geopolítica americana em vista da der­rota dos Estados Unidos. Esse é o caso também do Afeganistão, invadido pela URSS nos anos 1980. Outro caso a ser notado é a terrível guerra entre Irã e Iraque, estimulada pelas potências do mundo ocidental (EUA à frente), que ar­maram e tornaram poderoso Saddam Hussein, o mesmo que recentemente ameaçava a paz mundial, segundo a alegação dos EUA. Outros exemplos podem ser lembrados, e muitos ainda estão sangrando a despeito do equilíbrio "civi­lizado" que mantém a ordem mundial. Uma or­dem mundial que tem vários deserdados.

No mundo atual, há paz? Afinal, as guerras mundiais terminaram? No interior da ordem mundial, temos pontos graves de crise, que se expressam por conflitos regionais, por decomposição violen­ta de alguns países. Não é difícil chegar a esse quadro dos conflitos, em vista da profusão de in­formações que nos é disponível, embora alguns conflitos, conforme sua localização são conde­nados à indiferença do mundo, como o caso da recente Guerra Civil em Serra Leoa, na África. Alguns conflitos regionais são tratados como assuntos de menor importância, numa ordem mundial dominada por interesses que não são de todos. Serra Leoa está localizada no oeste do continente africano. A lógica da desagregação territorial de um país recém saí­do do jugo (situação de submissão por meio de violência) colonial e abandonado pelo sistema mundial está revelado num livro extraordinário e chocante de Ishmael Beah, Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado. Vamos ler um pequeno texto explicativo sobre o livro:
Na história de Ishmael Beah são encontra­das várias das características das guerras regionais que infelicitam alguns povos do mundo:
  • Fundamentalmente ocorrem em (ou en­tre) países frágeis em termos econômicos;
  • Países com dificuldades de se adaptar às novas condições da ordem mundial;
  • Países que se tornam espaços frágeis, sem controle do Estado, sem que essa exerça suas funções;
  • Países em que a miséria se desenvolve, e que ficam muito mais vulneráveis a catás­trofes naturais, como secas e inundações;
  • São conflitos marcados pela decom­posição, pela intensificação dos ódios étnicos, que acabam gerando massacres pavorosos, ações de extermínio, como ocorreu em Ruanda;
  • São guerras acompanhadas por fuga maciça de populações, em geral cam­ponesas, aldeãs (habitante de aldeias), como no caso de Beah;
  • Fogem para países vizinhos e são insta­lados em campos de refugiados;
  • Passam a ser assistidos por instituições de caráter global (ONU, Cruz Vermelha, ONGs diversas) e por esse caminho in­gressam como párias (fora do sistema, que não faz seu papel social, não faz parte) na ordem mundial.

Os deserdados da ordem mundial: o drama dos refugiados

Observe o mapa “Principais fluxos de refugiados e deslocados, situação final de 2005”. É um mapa de fluxos, cujo recurso gráfico são setas que indicam dire­ções (ponto de partida e ponto de che­gada). Elas têm espessuras diferen­tes e cores diferentes. Evidentemente, aos nos­sos olhos, as setas mais largas e mais escuras indicam os maiores fluxos e sua localização.


O mapa responde às duas questões básicas:

1. Em que lugar se situa um fluxo de refu­giados e qual sua quantidade?
2. Quais os maiores fluxos de refugiados e suas princi­pais direções?

O centro do continente africano, o Oriente Médio e a Europa do Leste são os principais pontos de fluxos de refugiados; há também um ponto importante na região do sudeste da Ásia (antiga Indochina, onde se encontra o atual Vietnã, Camboja, Laos etc.).
A tendência dos refugiados é se dirigir às regiões imediatamente vizinhas, mas há também a existência minoritária de fluxos de refugiados percorrendo grandes distâncias, até os EUA, por exemplo (normalmente refugiados europeus e do Oriente Médio).
Os refugiados africanos vão para os países vizinhos e apenas uma minoria conse­gue fugir para a Europa. Esses refugiados são: vítimas da decomposição social, territorial e nacional dos países do cen­tro da África e do oeste (Ruanda, por exemplo) e das guerras que surgem em conseqüência dessa decomposição; vítimas da instabilidade do Oriente Médio, e da atual guerra no Iraque; vítimas da guerra civil na antiga Iugoslávia (Bósnia-Herzegovina, Kosovo, por exemplo), produto da desa­gregação do socialismo e; vítimas ainda da Guerra do Vietnã e da instabilidade que ainda reina na­quela região.

O enfraquecimento da geopolítica - as chances de uma nova ordem mundial solidária

Os EUA já contaram com mais apoios às suas ações geopolíticas. A própria recusa da ONU, em apoiar a invasão do Iraque, mostra que já não é tão fácil as potências se organizarem apenas em torno de seus interesses. Há quem veja, nesse caso, um dos sinais do enfraquecimento do poder dos EUA como força principal na ordem mundial.
Nas duas décadas que seguiram à Segunda Guerra Mundial, o domínio dos EUA era bem grande, embora esse poder fosse relativamen­te dividido com a URSS: o dólar reinava no mundo, sua superioridade tecnológica era incontestável e sua influência cultural era bem aceita.
A intervenção e a derrota para o Vietnã abalaram essa condição. Concorrentes na corrida tecnológica e econômica, Japão e Europa Ocidental, começam a alcançar esse poderio. Até mesmo o mercado interno americano foi alcançado por uma avalanche de carros e capitais japoneses e europeus, que chegaram a investir no setor imobiliário das grandes cidades norte-americanas. O próprio dólar se enfraqueceu no cenário internacional e em termos econômicos, sua força já não é de uma superpotência incontestável.
No plano político e cultural, a força da potência também está abalada no mundo ocidental, pela degradação das condições am­bientais do planeta. Em outras áreas do mun­do, cresce a rejeição aos EUA e às outras po­tências de modo bastante grave, o que pode ser exemplificado pelos atentados terroristas nos EUA, na Espanha e na Inglaterra.
Paralelo a isso, está surgindo uma nova ordem solidária, menos influenciada pelos interesses particulares, em nome de um bem co­mum. Será?

 Observe o mapa “Ajuda pública ao desenvolvimento (países beneficiários)” que apresenta o volume de ajuda ao desenvolvimento recebida por diversos países. Mas:
- A superpotência americana ajuda menos que o Japão. Será o Japão mais solidá­rio, ou a intenção dessas ajudas é geopolítica antes de tudo? A ajuda do Japão é no Oriente, na sua vizinhança. O que isso indica? Tentativa de influência para continuar dominando o bloco asiático?
- O fluxo de ajuda americana à Rússia é grande. Solidariedade entre as antigas superpotências (inimigas) ou novo círculo de interesses está se impondo? Qual a lógica das ordens mundiais até aqui existentes e as condições para sua perma­nência?
- Os países mais pobres do mundo, na África, não estão entre aqueles que recebem mais ajuda. Por que? Será porque não representam uma boa área de influência e negócios?
- Na América do Sul, o Brasil está entre os que recebem mais ajuda. É uma ótima região para negociações? Será esse o motivo?
            No mundo contemporâneo, existem refugiados porque são vitimados por conflitos regionais ou internos em vários países do mundo. Recebem tratamento humanitário, conforme decisões de organismos internacionais. Não são considerados refugiados os que não abandonam as próprias fronteiras do país em conflito (já que não saíram do país).
Depois do atentado terrorista a Nova Iorque, os EUA invadiram o território do Afeganistão, suposto esconderijo do líder terrorista Osama Bin Laden. Com a invasão do Afeganistão, mais de 1 milhão de pessoas fugiram para o Paquistão, seu vizinho. As principais vítimas de situações como essas são populações mais pobres, em geral camponesas. Como não têm recursos para empreender fugas mais distantes, terminam permanecendo nas proximidades, em campos de refugiados.
Sobre o grande volume de refugiados de guerra, no centro da África, podemos afirmar que nessa área há vários Estados nacionais desagregando-se em razão de conflitos não resolvidos que vêm da descolonização. A constituição nacional (a configuração de Estados nacionais) no continente africano guarda desde sua origem um potencial imenso de conflitos. O processo colonial e a posterior descolonização moldaram Estados em dissociação com as dinâmicas sociais locais, algo que mantêm em boa medida até hoje.

Atividade Avaliativa Individual

A atividade deve ser feita manuscrita, não serão aceitas cópias da internet.

Data de entrega:
1ºC -20/08

1ºD -17/08
1ºE -18/08
1ºF -17/08
1ºG -18/08
1ºH -19/08


Pesquise informações no site da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados - http://www.acnur.org ), assista ao vídeo abaixo e produza um artigo de opinião (redação, mínimo 20 linhas) a respeito do drama dos refugiados no mundo.


Bons estudos!

4 comentários:

  1. Ajudou e muito em um seminário de geografia que vou apresentar.

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  2. Tenho que criar seis perguntas sobre o deserdados na nova ordem mundial as perspectivas de ordem mundial
    solidaria pode mi ajudar

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  3. Quem são os deserdados na nova ordem mundial ?
    Pq os EUA tem interesses solidários em relação da rússia, brasil e outros países ?

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  4. Quem são os deserdados na nova ordem mundial ?
    Pq os EUA tem interesses solidários em relação da rússia, brasil e outros países ?

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