Caros alunos,
Iniciamos na semana passada a reposição das aulas não ministradas durante a greve de professores. Conforme combinado, todos os conteúdos serão repostos e avaliados. A participação de vocês é muito importante, e estou à disposição de vocês para esclarecer eventuais dúvidas dos conteúdos e atividades avaliativas. Bons estudos!
I. Os circuitos da produção (parte 1): O espaço industrial brasileiro
(6 aulas)
I. Os circuitos da produção (parte 1): O espaço industrial brasileiro
(6 aulas)
Nesse
tema, enfatizaremos o processo de industrialização brasileiro, que permite
compreender a consolidação de um pólo industrial no Sudeste e de periferias
industriais nas demais regiões do país. O objetivo é elucidar conceitos e
conteúdos fundamentais para o entendimento do espaço industrial brasileiro,
aliado ao trabalho conceitual, à perspectiva histórica e à abordagem sobre a
atual distribuição espacial da atividade industrial no território nacional e,
em particular, no Estado de São Paulo.
Para
melhor entender o desenvolvimento industrial no Brasil e suas fases, adotamos a
noção de industrialização retardatária ou tardia.
A
expressão industrialização retardatária ou tardia designa o fato de que a
industrialização brasileira somente foi iniciada no fim do século XIX, no
momento em que o capitalismo passava da fase competitiva para a monopolista. As
máquinas e a tecnologia utilizadas não foram produzidas no Brasil, mas
importadas dos países que já as desenvolviam havia mais de um século, provindas
principalmente da Inglaterra (onde ocorreu a Revolução Industrial). Isso gerou consequências
ao longo das demais fases de industrialização do Brasil, como por exemplo, a
difícil inserção do Brasil na Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica,
desde as últimas décadas e ainda atualmente.
A
Primeira Revolução Industrial no Brasil somente foi completada em 1930, tendo
ocorrido com mais de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do
capitalismo. Entre outros fatores que contribuíram para que o Brasil se
mantivesse em um quadro de fraco desempenho industrial, até o início do século
XIX, foram as relações escravistas de trabalho, o pequeno mercado interno, o
Estado alheio à industrialização, as forças produtivas pouco desenvolvidas, o
passado colonial do Brasil, conforme o tema estudado anteriormente “Gênese
geoeconômica do território brasileiro”. Entre 1880 e 1930, foram implantados os
principais setores da indústria de bens de consumo não-duráveis ou indústria
leve. Em função de se manter numa situação de dependência em relação aos países
mais industrializados, o Brasil não dispunha de indústrias de bens de capital
ou de produção, algo essencial para o desenvolvimento econômico de uma nação ou
país.
Antes de prosseguir, vamos
esclarecer os tipos de indústrias:
- Indústria de bens de consumo ou leve:
a) Indústria de bens de consumo
não-duráveis: roupas, cosméticos, alimentos;
b) Indústria de bens de consumo
duráveis: automóveis, eletrodomésticos e móveis.
- Indústria de bens intermediários ou de bens de capital: desenvolvimento de máquinas e equipamentos para outras indústrias (autopeças, mecânica naval).
- Indústria de bens de produção, de base ou pesada: transforma matéria-prima bruta em produtos a serem utilizados por outras indústrias (extração de minérios, refinaria de combustíveis fósseis, siderúrgica que processa minérios, química).
A
inserção do Brasil na Segunda Revolução Industrial também se deu com cerca de
cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo, podendo ser
dividida em dois períodos:
- de 1930 a 1955, que corresponde à política nacional desenvolvimentista do governo Getúlio Vargas, responsável pelo início da implantação da indústria de base no Brasil e;
- de 1956 a 1980, que, inicialmente alicerçado no plano de metas que propunha “crescer 50 anos em 5”, marco da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek de Oliveira, corresponde ao período de incremento e consolidação da indústria de base, com fortes investimentos estatais nos setores de energia e transportes, com vistas a fortalecer as condições estruturais para o ingresso do capital internacional no Brasil.
No
primeiro período (1930-1955), destacamos a política nacionalista da Era Vargas
(1930-1945) e de seu segundo governo (1952-1955), que se caracterizou pelo
desenvolvimento autônomo com base industrial. Um exemplo foi a construção da
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), cujo decreto-lei,
que determinou sua criação, foi assinado em 30 de janeiro de 1941. A CSN foi um
marco importante para a industrialização do Brasil, um impulso, em virtude da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pois o aço é matéria-prima fundamental para
diversos setores industriais. Resultado de um projeto autônomo de
desenvolvimento industrial na década de 1940, a CSN foi privatizada em 1993,
deixando de ser uma empresa estatal (do Estado).
O
segundo período (1956-1980) pode ser subdividido em três:
- de 1956 a 1961, que corresponde ao mandato de Juscelino Kubitschek, no qual ocorreu o incremento da indústria de bens de consumo duráveis (principalmente automóveis e eletrodomésticos) e de setores básicos (energia elétrica e siderurgia). As diretrizes gerais quanto à industrialização dos governos Vargas e Kubitschek basearam-se no processo de substituição de importações. Contudo, no segundo caso (Era Kubitschek), foi adotado um modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. A política industrial do período JK ratificou (confirmou) a concentração industrial brasileira no Sudeste. O modelo industrial característico deste período atrelava-se diretamente à necessidade de manter a produção de bens duráveis nas proximidades dos pólos geradores de matéria-prima, ou seja, da produção siderúrgica e da disponibilidade de recursos energéticos. Além disso, nesta região também se concentrava a maior parte do mercado consumidor. Esta industrialização foi parte do Plano de Metas, com o lema: “crescer 50 anos em 5”.
- de 1962 a 1964, corresponde a um período de instabilidade e tensão política (Ditadura). Por este motivo, foi acompanhado pela estagnação e declínio da economia e da indústria no Brasil;
- de 1964 até meados de 1980, implantou-se a modernização conservadora (projetos de crescimento econômico, principalmente durante os governos militares, sem a inclusão de avanços na área social), aconteceu o “milagre econômico brasileiro” (para designar o fato de que, no contexto dos governos militares e do projeto “Brasil-Potência”, entre 1967 e 1974, o País cresceu mais de 10% ao ano em média à custa de um endividamento crescente no exterior), e a “década perdida” (1980), na qual o país esteve submetido a fortes constrangimentos econômicos, financeiros e, sobretudo, sociais.
Referente
à distribuição espacial da atividade industrial no Brasil, a concentração
industrial aconteceu na região Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo,
desde meados do século XIX até a década de 1970, como aparece no mapa “Brasil:
distribuição espacial da indústria, 2002”, abaixo:
![]() |
Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002. |
O
desenvolvimento urbano intenso, concentrado principalmente na região que forma
hoje a Grande São Paulo, foi resultado do processo de industrialização que
ocorreu na região, resultado de uma economia de escala capitalista, típica do
período fordista: a concentração diminuía os custos de produção, pois a
proximidade física reduzia os gastos com o transporte de matéria e mão de obra,
além de maximizar o uso da infraestrutura instalada. O fordismo organizava a linha de montagem de cada fábrica para
produzir mais, controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os
transportes, a formação da mão de obra.
Há
diferença entre descentralização e desconcentração industrial: a primeira pode
ser entendida como a mudança física (parcial ou total) de uma unidade
industrial ou da produção industrial de uma área territorial para outra, como,
por exemplo, do Estado de São Paulo para outros Estados brasileiros ou da
Região Metropolitana de São Paulo para o interior paulista; já a expressão
desconcentração industrial costuma ser empregada para designar alterações na
distribuição espacial absoluta ou relativa de variáveis como número de
estabelecimentos, pessoal ocupado, valor da produção e valor da transformação
industrial. Assim, desde a década de 1910 verificou-se uma alteração no
processo de desenvolvimento do Estado de São Paulo, com a diminuição da concentração
industrial e populacional, que vinha ocorrendo desde o começo do século na
Região Metropolitana de São Paulo. Para fundamentar essa explicação, tal
processo resultou de três fatores:
a) o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND, 1975-1979), que
instituiu uma política econômica bastante clara de descentralização industrial
de São Paulo para o resto do País, enfatizando vantagens comparativas e
especializações regionais. Como exemplos, podemos citar a exploração de
minérios em Carajás (PA), Trombetas (PA), Caraíba (BA), Patos (MG), as
siderúrgicas de ltaqui (MA), Tubarão (ES) e Açominas (MG), as petroquímicas de
Camaçari (BA) e Paulínea (SP), a fábrica de automóveis da Fiat em Betim (MG),
os incentivos à CSN e Vale do Rio Doce (RJ);
b) a deseconomia de escala, isto é, a perda das vantagens comparativas
da produção em função dos altos custos produtivos, resultado de uma organização
sindical forte, salários elevados, valores de terrenos e impostos elevados.
Assim, a guerra fiscal, ou mesmo a isenção de impostos, estimula a deseconomia,
ou seja, várias cidades oferecem vantagens para a indústria — menor imposto,
grandes terrenos, infraestrutura, mão de obra barata, por exemplo — e a que
oferecer melhores benefícios, acaba atraindo a indústria. E a cidade acaba
ganhando chances de alavancar seu desenvolvimento;
c) a expansão da infraestrutura no Estado facilitou a
dispersão das atividades produtivas para regiões próximas à metrópole do Estado
de São Paulo.
Atividade Avaliativa
Data de entrega:
2A- 10/08
2B-10/08
2C-13/08
2D-10/08
2E-10/08
2F-12/08
2G-10/08
2H-13/08
2I-12/08
2J-12/08
2A- 10/08
2B-10/08
2C-13/08
2D-10/08
2E-10/08
2F-12/08
2G-10/08
2H-13/08
2I-12/08
2J-12/08
O espaço industrial brasileiro
Atividade avaliativa referente ao primeiro conteúdo do 2º bimestre
Nome: ..................................................................................................................................
Data:
........./........./2015 TURMA: 2 º ano_____
1. Relacione a crise na Bolsa de Nova Iorque de 1929 com o desenvolvimento industrial brasileiro.
2. Quais acontecimentos contribuíram para o desenvolvimento industrial brasileiro no governo de Getúlio Vargas?
3. Quais acontecimentos contribuíram para a industrialização brasileira no governo de Juscelino Kubitschek ?
4. Comentando o Plano de Metas, Luiz Orenstein e Antonio Carlos Sochaczewski, em seu artigo “Democracia com desenvolvimento: 1956-1961” (In: ABREU, Marcelo Paiva de (org.)). A Ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana, 1889-1989.), afirmam “O Governo Kubitschek caracterizou-se pelo integral comprometimento do setor público com uma explícita política de desenvolvimento. Os diagnósticos e projeções da economia brasileira, empreendidas de forma sistemática desde o final da Segunda Guerra Mundial, desembocaram na formulação do Plano de Metas que constituiu o mais completo e coerente conjunto de investimentos até então planejados na economia brasileira.”
a. Mencione três resultados obtidos em decorrência da implementação do Plano e explique seu impacto subsequente na estrutura da economia brasileira.
b. Analise o desempenho da economia brasileira nesse período no tocante ao crescimento e à evolução da inflação.
5. Nos países de industrialização tardia, tais como Brasil e México, a indústria se desenvolveu primeiramente pela substituição de importação de bens de consumo corrente, como vestuário e calçados, necessitando, para isso, importar as máquinas utilizadas em seus processos produtivos. Nesses casos, a população se urbanizou em poucas décadas, as atividades urbanas tornaram-se as maiores empregadoras de mão de obra e a agricultura deixou de ser o setor mais dinâmico da economia. Todavia, o setor agrícola continuou a ser de importância econômica vital durante a industrialização desses países, pois precisou modernizar-se para criar condições que viabilizassem a própria industrialização e urbanização. Com base nisso e nos conhecimentos sobre os processos de industrialização tardia, comente, num texto de 8 a 10 linhas, pelo menos três condições necessárias à industrialização que só podem ser criadas a partir da modernização da agricultura.
6. Indique quais fatores contribuíram para a instalação das primeiras indústrias na região Sudeste no início do século XX.
7. No começo da década de 1960 o Brasil passou por um conturbado período político que culminou com o golpe militar de 1964. No governo militar, o período entre 1967 e 1973 ficou conhecido como "milagre econômico brasileiro", quando atingimos a oitava posição mundial em PIB e o primeiro lugar entre as nações subdesenvolvidas ou periféricas. Comente sobre esse período, tendo como foco a indústria brasileira.
8. Os anos 1990 foram marcados pela globalização econômica mundial, pela política neoliberal e pelas crises econômicas em países emergentes, como o Brasil. Quais foram as consequências disso para as indústrias brasileiras ?
9. (UERJ)
A fabricação de veículos automotores no Brasil, especialmente a de automóveis, concentrou-se basicamente no Estado de São Paulo, até a década de 1980. A partir da década de 1990, houve uma redistribuição espacial das montadoras de automóveis no país.
Considerando as informações acima, aponte duas razões que favoreceram essa redistribuição das montadoras no território brasileiro.
________________________________________________________
Todos os países tem ou tinha a mesma força na ordem mundial?
ResponderExcluirTodos os países tem ou tinha a mesma força na ordem mundial?
ResponderExcluir