segunda-feira, 29 de junho de 2015

REPOSIÇÃO 1ºs ANOS - I.Geopolítica: o papel dos Estados Unidos e a nova "desordem" mundial

Caros alunos,

            Iniciamos na semana passada a reposição das aulas não ministradas durante a greve de professores. Conforme combinado, todos os conteúdos serão repostos e avaliados. A participação de vocês é muito importante, e estou à disposição para esclarecer eventuais dúvidas dos conteúdos e atividades avaliativas. Bons estudos!

Geopolítica: o papel dos Estados Unidos e a nova "desordem" mundial
(6 aulas)

            Num mundo que se globaliza cada vez mais, o termo Geopolítica também é utilizado muito mais. Mas o que há por trás desse vocábulo, que funde o prefixo geo com a palavra política? Será uma mistura de geografia e política? A Geopolítica não é a política normal, pois essa somente é praticável nos limites territo­riais de um país e de uma sociedade. A Geopolítica se refere, principalmente, à ação que coloca em contato Estados nacionais territoriais (países) entre si. Por seu intermédio, tanto se constroem acordos econômicos e de cooperação, como se realizam ações estratégicas em busca de vanta­gens econômicas e territoriais, como celebra-se a paz em tratados interna­cionais ou se faz guerra também.

            Tantos são os países (Estados nacionais territoriais) no mundo, quanto são os inte­resses que não se harmonizam. A lógica de construção de interesses de um país A não se harmoniza necessariamente com os interesses do seu vizinho B. O funcionamento interno de um país, de uma sociedade nacional, não tem como objetivo criar interesses comuns com outros países. Em geral, mal se conseguem criar interesses comuns internamente a um país.
Apesar de serem mundos próprios, com pers­pectivas únicas, desde há muito tempo os países vêm se abrindo para as relações. Aliás, muitos devem sua própria fundação e existência às rela­ções com outros países. Não será esse o caso do próprio Brasil? Assim, criou-se historicamente uma teia, uma malha de relações internacionais, dotada de alguma ordem, que, por vezes, pode ser vista como um sistema. Eis algumas caracte­rísticas elementares dessas relações:

·         sempre se caracterizaram pela desi­gualdade, com alguns países levando maiores vantagens econômicas, esta­belecendo os parâmetros das relações, subordinando os mais frágeis;
·         sempre resultaram de negociações difíceis, pois poucas vezes as relações internacionais encontram apoio das sociedades. Exemplo: se importar bens industriais de outros países, sem maio­res restrições, prejudica os produtores do país, por isso é necessário impor restri­ções, impostos ou proibições parciais;
·         os conflitos de interesses econômicos entre países, nessa "arena internacio­nal", estiveram entre os motivos prin­cipais de várias guerras, inclusive as chamadas guerras mundiais;
·         com o desenvolvimento dos meios de transportes e meios de comunicação, as distâncias geográficas vêm sendo mais bem controladas, aumentando o potencial de relações econômicas, sociais e culturais entre os países. Quer dizer: mais interesses nacionais diferen­tes entram em contato.

            Quer dizer então que estamos aumentando para a humanidade (representada em várias sociedades nacionais diferentes) o risco da ampliação de conflitos? Duas respostas po­dem ser dadas a essa questão:

·         Não é bem assim, porque entre os diversos e diferentes interesses nacionais, há sempre a vantagem econômica e cultural de esta­belecer um relacionamento. Há o interes­se em se relacionar. São raros os Estados nacionais e as sociedades que optam pelo isolamento;
·         E há também países poderosos que têm for­ça para influenciar a criação de uma certa ordem nessas relações. Essa força é traduzida numa expressão muita utilizada quan­do se fala na Geopolítica internacional: potência ou mesmo superpotência. Por isso, pode-se falar em ordem mundial ou, então, velha ordem mundial, nova ordem mundial, "desordem" mundial etc. Alguns chegam a falar em sistema mundial.

            A natureza das ações que constroem, que sustentam, que desagregam essa(s) ordem(ns) mundial(ais), ou o sistema mundial, é dada pela Geopolítica. Existe uma ordem mundial contemporâ­nea possível de ser descrita? Existe, e nela os EUA são um país que tem um papel-chave. E sem o entendimento do que é geopolítica, Estado nacional, potência e superpotên­cia e sem conhecer um pouco da história da construção desse poder dos EUA, essa ordem mundial não será compreensível.

            Vamos começar a partir de um conflito contemporâneo ao qual todos estão fartamente expostos. Nada é tão presente nos meios de comunicação: trata-se da invasão do Iraque pelos EUA e o apoio da Inglaterra para derrubar o presidente Saddam Hussein. Isso aconteceu em 2003 e todas suas conseqüências ainda estão em andamento, com a permanência de tropas americanas naquele país. Não houve, nos últimos tempos, nada que te­nha tido mais espaço nos meios de comunicação que os eventos associados ao atentado terroris­ta que os EUA sofreram em 11 de setembro de 2001, e a invasão do Iraque é um deles.

            Algo interessa muito para a discussão so­bre o que é Geopolítica nesse caso: Como se deu a decisão de invadir o Iraque pelos EUA?
Existe uma entidade internacio­nal chamada Organização das Nações Unidas (ONU) instituição de caráter multinacional fundada logo após o término da II Guerra Mundial. Uma das funções desse organismo é tentar resolver conflitos internacionais. Embora sua ação contemporânea tenha se diversificado, é uma instituição que atua na solução de conflitos, para evitar horrores como os que a II Guerra Mundial impôs ao mundo.

            A questão da invasão do Iraque pelos EUA foi discutida na ONU e o mundo teve a oportunidade de acompanhar ao vivo várias das sessões em que os diversos representantes das nações apresentavam suas posições. Houve votação e não se aprovou a invasão do Iraque. Mas essa invasão se deu no ano de 2003. Um ano antes, os EUA haviam invadido o Afeganistão, país localizado na Ásia e bastante distante dos Estados Unidos. São mundos afastados, mas que não impede a ação militar dos Estados Unidos, o que demonstra a força militar norte-americana.

            Por que, num prazo tão curto, os EUA invadiram militarmente o Afeganistão e o Iraque? Isso teria alguma relação com o atentado terrorista em Nova York, em 11 de setembro de 2001, quando dois aviões foram arremessa­dos contra dois prédios imensos dessa cidade (World Trade Center)? Esses acontecimentos foram fartamente noticiados e se deram no governo Bush; o atentado terrorista foi a principal razão alegada para os ataques ao Afeganistão e ao Iraque porque os EUA atribuíram aos dirigentes desses países cumplicidade com o grupo terrorista que atacou Nova Iorque, que era o grupo do árabe Osama Bin Laden.Antes da invasão do Iraque, o que os EUA defendiam? Por que argumenta­vam a favor da invasão do Iraque? A questão do Iraque ganhou mais um elemento, além da cumplicidade com os grupos terroristas, os EUA alegavam também que o Iraque estaria produzindo armas de destruição em massa, visando a ataques contra alvos do mundo ocidental (por isso buscavam apoio na ONU)

            A ONU aprovou a invasão? Todos estavam de acordo com os EUA? Não somente a ONU não aprovou a invasão, como também não se comprovou que o Iraque possuía armas de destruição em massa e, por essa razão, a maior parte dos países com direito a voto nas sessões da ONU não aprovou a posição dos EUA, o que não foi suficiente para impedir que os EUA realizassem as ações de invasão.

            No Conselho de Se­gurança da ONU, os EUA se empenha­ram em demonstrar que o Iraque havia apoiado o atentado terrorista e que, em seu território, Saddam Hussein estava produzindo armas de destruição em massa. Os EUA não obtiveram suces­so em convencer boa parte dos países. Suas propostas saíram derrotadas. A invasão do Iraque não foi aprovada pela ONU e, mesmo assim, os EUA invadiram o Iraque. Por que os EUA desrespeitaram àquela decisão? Aqui é o momento de, com ênfase, destacar que, nessa resposta, se es­conde a essência da Geopolítica.

Potências, superpotências e ordem mundial


Espaço é poder
Regina Célia Bega dos Santos

            A palavra Geopolítica começou a ser utili­zada no final do século XIX. Era uma referên­cia à ação do Estado territorial. Defendia-se, à época, que, assim como as espécies animais e vegetais, os seres humanos dependem de ter­ritório para sua existência. E que há, natural­mente, uma competição por esse espaço vital para nossas vidas. Uma luta, na verdade, que vence aquele grupo que tiver mais poder.
Esse pensamento disseminou-se na Alemanha e também nos EUA, ainda no final do Século XIX. Quem tem mais poder, quem for uma potência maior, incorpora mais território ao seu controle. E ter muito espaço é poder.
            A derrota na Primeira Grande Guerra fortaleceu o entendimento de que a Alema­nha só teria poder se arregimentasse mais territórios (pan-germanismo). Esse raciocí­nio alimentou as ações de Hitler na Segunda Guerra Mundial.
Depois de muita destruição de vidas hu­manas e recursos materiais, a Alemanha foi derrotada, e os Estados Unidos se firmaram como grande potência, uma superpotência, capaz de criar e influenciar uma nova ordem mundial. Mas não será nesse momento a úni­ca superpotência. Da mesma guerra, surgiu um vitorioso concorrente. A União das Repúbiicas Socialistas Soviéticas (URSS), um poderoso Estado territorial, que já não existe mais atualmente.
            A visão de que espaço é poder, uma das faces da Geopolítica, esteve sempre presente nesses imensos conflitos que definiram a for­ma do sistema mundial depois da Segunda Guerra. De alguma maneira, esse ponto de vista permanece presente.

            O conceito de potência (e de superpotên­cia) mostra-se decisivo no entendimento do sistema mundial. É uma referência à Nova Ordem Mundial, já que as potências e as superpotências são as grandes criadoras dessa ordem e, no caso do final da II Guerra Mundial, os agentes fundamentais são os EUA e a URSS. Não há referência possí­vel à ordem mundial sem que se mencionem quais as principais forças, os principais agen­tes. Vale lembrar: as ordens mundiais sempre foram desiguais, nem todos os países envolvi­dos tinham a mesma força. E a palavra força associa-se a potência.

            O que caracteriza um país como potência? De onde vem a força de um país, para lhe permitir ser uma potência que influencie a ordem mundial? Força econômica? Força militar? Força cultural? Rede de relações (força para expandir suas relações geograficamente)?

            Sem dúvida essas quatro características se complementam, mas podem ser pensadas se­paradamente. Por exemplo, a URSS tinha for­ça militar e alguma força econômica, rede de relações restrita e influência cultural restrita à questão política (propaganda do socialismo). O militar predominava. Já no caso dos EUA, as quatro características são bem marcadas e, por isso, esse país é uma superpotência.

            A rede de relações – força para expandir suas relações geograficamente – interessa muito em ra­zão de seu caráter geográfico, porque expres­sa o controle do espaço na escala mundial por parte da potência ou superpotência. Quanto mais investir em meios de superar a distân­cia geográfica, mais um país fará seus produ­tos, sua cultura e sua força chegarem a vários pontos do planeta. Sem essa capacidade, um país não pode ser chamado de potência, pois não será um ator importante na formação da ordem mundial. Por isso, a força geográfica ou força espacial é mais importante e colocada em primeiro plano. Isso vai aju­dar a entender a ordem mundial e perceber o papel da Geopolítica.



            Observe o mapa “A bipolaridade e a ordem westfaliana – 1950-1980”, a área de influência da URSS era bem restrita e era designada como Cortina de Ferro. A característica de relacionamento de uma super­potência é ser aberta, sem restrições e um muro, como o muro de Berlim, também ser­viu para fechar as negociações desse mundo sob controle da URSS.

            Alguns Estados nacionais e territoriais têm o mundo como sua extensão, graças a seu peso financeiro/econômico e militar e às suas redes de relações, que significa que eles influenciam os demais. O quadro “Atuais potências mundiais e suas características”, localiza esses agentes mais poderosos da ordem mundial: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, entre outros.



            O Brasil foi colocado no quadro para que se tenha ideia do peso de nos­so país. Talvez não se possa considerá-lo uma potência, mas não deixa de ser um ator na formação da ordem mundial, um ator intermediário, coadjuvante. Esse quadro pode receber outros participantes, o que importa é a ideia de agentes mais poderosos e outros mais frágeis na organização do sistema mun­dial. E nesse caso, o peso dos EUA é signifi­cativo como uma e única superpotência.
            Considerando a ordem mundial, estrutura­da, antes de tudo, pelas potências que têm a capacidade de fazer existir um mundo, e não um conjunto de sociedades territoriais isola­das, ainda pode-se acrescentar alguns comen­tários para reflexão:

·         As potências disputam terreno e espa­ço, como era claro na ordem mundial cujas colunas básicas eram EUA e URSS (após a Segunda Guerra até o final dos anos 1980);
·         Seus acordos e enfrentamentos manti­veram certo equilíbrio no planeta, no sistema mundial, mas não impedi­ram múltiplas guerras locais e conflitos regionais, que vêm sangrando várias sociedades do planeta;
·         Na presente ordem mundial, acres­centa-se à força dos Estados nacionais territoriais aquela das grandes corpo­rações econômicas (sistema produtivo, financeiro, serviços) que faz, também, uma espécie de "geopolítica". Soma-se também a força das instituições religio­sas, de larga difusão, e ideológicas (essa última enfraquecida com a decadência do mundo socialista).

            A ação da única superpotência, das outras potências e dos países com margem de mano­bra mais restrita, nesta ordem mundial, não é orientada pela política convencional e sim pela Geopolítica.

Definindo a geopolítica: a vocação geopolítica do EUA

            Vamos lembrar um fato discutido an­teriormente: a questão da invasão do Iraque pelos EUA. Antes de invadir o Iraque, os EUA ten­taram uma aprovação, um apoio, da ONU. Não conseguiram. Mesmo assim, ocuparam aquele país do Oriente Médio, e ainda estão lá. Como pode ser julgada essa atitude dos americanos que, mesmo perdendo uma vota­ção, não a respeitaram? Por que agir contra a vontade de uma maioria? O que faz com que o governo americano, o congresso americano, sua população, enfim, decida pela guerra, se outros países aliados, inclusive, são contra?

            A resposta seria: a lógica geopolítica. O Es­tado nacional e territorial dos EUA (a socie­dade americana) tem seus motivos, e somente seus motivos são levados em consideração. Seus interesses são a única referência, e não os interesses da humanidade, os interesses de um bem comum, diferentemente da política inter­na de sua própria sociedade (preocupada com sua população).

            Política é fácil de definir. Em nosso país, reclamamos muito da qualidade da vida política, dos partidos polí­ticos e de nossos representantes. Do que, em resumo, nos queixamos? Que os políticos de­fendem apenas seus interesses, e não um bem comum. Quer dizer: parece-se com a geopolíti­ca, porque entendemos que há um bem comum a zelar no Brasil. Pois bem, na arena internacional, um país atua apenas em prol de seus interesses, e é isso que suas populações acham. E na defesa de seus interesses soberanos, se for preciso faz-se a guerra: isso é a Geopolítica. Uma política de defesa de interesses únicos, que não tem como referência um bem comum, que afinal, não existe num mundo dividido.

            Por essa razão, a superpotência mais pode­rosa, os EUA, opera sem considerar outros in­teresses, outras opiniões, embora seja bom ter apoios. Invadir o Iraque foi considerado uma ação de segurança nacional de um país sobe­rano, e seria obrigação do governo fazer isso e não se submeter a uma decisão da ONU. Esse é discurso da Geopolítica, e é esse modo de pensar que comanda as relações internacio­nais de todos os países.

            A condição dos EUA, de grande superpo­tência contemporânea, pode ser argumentada tendo em vista seu desenvolvimento econômico e sua participação vitoriosa nos grandes con­flitos do século XX. Mas não seria equívoco enxergar na história desse país, desde sua inde­pendência da Grã-Bretanha até sua consolida­ção como Estado nacional territorial, uma vo­cação geopolítica para grandes e ousadas ações internacionais.

            Há uma naturalidade com a qual o desembaraço geopolítico dos EUA se realiza. Uma sugestão de reflexão se refere à presença, nas várias línguas, de uma designação incrível: os americanos dos EUA têm o monopólio da palavra "americano", e somente eles são ameri­canos, embora seu país não se chame América (eles gostam de dizer que é esse o nome) e sim Estados Unidos da América. Nós brasileiros, por exemplo, somos eventualmente chamados de sul-americanos, mas apenas para ressaltar nossa origem continental, mas nossa identi­dade nacional é brasileira, e dos americanos? Americanos. Essa pró­pria forma de designar a nacionalidade deles, é um indicativo de sua ação de potência, que estende seus interesses para além de seus limites territoriais.

A geopolítica dos EUA chega à escala mundial

            A ordem mundial resultante da Segunda Guerra foi marcada pela liderança de duas superpotências: EUA e URSS. A rivalidade entre elas se expressava como um confronto entre o capitalismo e o socialismo. O mundo era marcado pela grande desigualdade entre as potências e os outros países, algo que ain­da permanece. Nesse período, os avanços da URSS na Europa do Leste, fi­zeram com que o governo dos EUA traçasse novas linhas de sua geopolítica externa, o que ficou conhecido como a Doutrina Truman.

            Segundo essa linha geopolítica, os EUA deviam assumir a liderança na defesa intransigente do Ocidente, da democracia e do capi­talismo contra o comunismo. Agora, a escala mundial era a extensão territorial para a ação americana em defesa de seu poder e de seus interesses. A força militar de ambas as super­potências equilibrava-se com base em arma­mentos nucleares capazes de uma destruição total do planeta. E era sobre essa estrutura, esse equilíbrio da destruição, que a ordem mundial se mantinha naquele período.

            Esse equilíbrio perdurou até a queda do muro de Berlim e da desintegração da URSS, marcos do fim de uma era, em que a burocracia e o incrível autoritarismo do Estado puseram fim ao socialismo. A partir da década de 1990, uma ordem mundial capitalista reina isolada­mente, ancorada na superpotência americana e nas outras, também muito importantes.


            Em 11 de setembro de 2001, porém, um atentado terrorista em Nova York atingiu a superpotência e veio perturbar a ordem mun­dial. Foi nesse contexto que os EUA invadi­ram e derrubaram os governos do Afeganis­tão e o do Iraque, numa clara demonstração do poderio de sua força militar e de sua força geográfica, que se expressa pela capacidade de atuar em qualquer parte do mundo.

Atividade Avaliativa Individual

Datas de entrega:

1ºC -06/08

1ºD -03/08
1ºE -04/08
1ºF -03/08
1ºG -04/08
1ºH -05/08

1. Existe um termo muito utilizado para se falar da situação mundial, das relações e dos conflitos internacionais: “Geopolítica”. Explique o significado desse termo.

2. A invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003, derrubou o presidente Saddam Hussein.

a.) A Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em outubro de 1945, após o final da II Guerra Mundial, tem como uma de suas funções tentar resolver conflitos internacionais. A invasão do Iraque pelos Estados Unidos foi discutida na ONU? Por qual órgão da entidade? Que países participaram dessa discussão?

b.) A ONU aprovou a invasão? Todos os países estavam de acordo com os Estados Unidos? Em caso negativo, quais se manifestaram contra?

c.) Um ano antes de invadir o Iraque, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão. Onde se localizam esses dois países? O que você sabe a respeito dessa região do mundo?

d.) Por que, em um prazo tão curto, os EUA invadiram militarmente o Afeganistão e o Iraque? Qual é a relação dessa invasão com o atentado terrorista aos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001? Justifique.



REPOSIÇÃO 2ºs ANOS - I. Os circuitos da produção (parte 1): O espaço industrial brasileiro

Caros alunos,

Iniciamos na semana passada a reposição das aulas não ministradas durante a greve de professores. Conforme combinado, todos os conteúdos serão repostos e avaliados. A participação de vocês é muito importante, e estou à disposição de vocês para esclarecer eventuais dúvidas dos conteúdos e atividades avaliativas. Bons estudos!

I. Os circuitos da produção (parte 1): O espaço industrial brasileiro 
(6 aulas)

Nesse tema, enfatizaremos o processo de industrialização brasileiro, que permite compreender a consolidação de um pólo industrial no Sudeste e de periferias industriais nas demais regiões do país. O objetivo é elucidar conceitos e conteúdos fundamentais para o entendimento do espaço industrial brasileiro, aliado ao trabalho conceitual, à perspectiva histórica e à abordagem sobre a atual distribuição espacial da atividade industrial no território nacional e, em particular, no Estado de São Paulo.

Para melhor entender o desenvolvimento industrial no Brasil e suas fases, adotamos a noção de industrialização retardatária ou tardia.
A expressão industrialização retardatária ou tardia designa o fato de que a industrialização brasileira somente foi iniciada no fim do século XIX, no momento em que o capitalismo passava da fase competitiva para a monopolista. As máquinas e a tecnologia utilizadas não foram produzidas no Brasil, mas importadas dos países que já as desenvolviam havia mais de um século, provindas principalmente da Inglaterra (onde ocorreu a Revolução Industrial). Isso gerou consequências ao longo das demais fases de industrialização do Brasil, como por exemplo, a difícil inserção do Brasil na Terceira Revolução Industrial ou Tecnológica, desde as últimas décadas e ainda atualmente.


A Primeira Revolução Industrial no Brasil somente foi completada em 1930, tendo ocorrido com mais de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo. Entre outros fatores que contribuíram para que o Brasil se mantivesse em um quadro de fraco desempenho industrial, até o início do século XIX, foram as relações escravistas de trabalho, o pequeno mercado interno, o Estado alheio à industrialização, as forças produtivas pouco desenvolvidas, o passado colonial do Brasil, conforme o tema estudado anteriormente “Gênese geoeconômica do território brasileiro”. Entre 1880 e 1930, foram implantados os principais setores da indústria de bens de consumo não-duráveis ou indústria leve. Em função de se manter numa situação de dependência em relação aos países mais industrializados, o Brasil não dispunha de indústrias de bens de capital ou de produção, algo essencial para o desenvolvimento econômico de uma nação ou país.
 Antes de prosseguir, vamos esclarecer os tipos de indústrias:

  • Indústria de bens de consumo ou leve:

a) Indústria de bens de consumo não-duráveis: roupas, cosméticos, alimentos;
b) Indústria de bens de consumo duráveis: automóveis, eletrodomésticos e móveis.
  • Indústria de bens intermediários ou de bens de capital: desenvolvimento de máquinas e equipamentos para outras indústrias (autopeças, mecânica naval).
  • Indústria de bens de produção, de base ou pesada: transforma matéria-prima bruta em produtos a serem utilizados por outras indústrias (extração de minérios, refinaria de combustíveis fósseis, siderúrgica que processa minérios, química).

A inserção do Brasil na Segunda Revolução Industrial também se deu com cerca de cem anos de atraso em relação aos centros mundiais do capitalismo, podendo ser dividida em dois períodos:

  • de 1930 a 1955, que corresponde à política nacional desenvolvimentista do governo Getúlio Vargas, responsável pelo início da implantação da indústria de base no Brasil e;
  • de 1956 a 1980, que, inicialmente alicerçado no plano de metas que propunha “crescer 50 anos em 5”, marco da política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek de Oliveira, corresponde ao período de incremento e consolidação da indústria de base, com fortes investimentos estatais nos setores de energia e transportes, com vistas a fortalecer as condições estruturais para o ingresso do capital internacional no Brasil.

No primeiro período (1930-1955), destacamos a política nacionalista da Era Vargas (1930-1945) e de seu segundo governo (1952-1955), que se caracterizou pelo desenvolvimento autônomo com base industrial. Um exemplo foi a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), cujo decreto-lei, que determinou sua criação, foi assinado em 30 de janeiro de 1941. A CSN foi um marco importante para a industrialização do Brasil, um impulso, em virtude da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pois o aço é matéria-prima fundamental para diversos setores industriais. Resultado de um projeto autônomo de desenvolvimento industrial na década de 1940, a CSN foi privatizada em 1993, deixando de ser uma empresa estatal (do Estado).

O segundo período (1956-1980) pode ser subdividido em três:
  • de 1956 a 1961, que corresponde ao mandato de Juscelino Kubitschek, no qual ocorreu o incremento da indústria de bens de consumo duráveis (principalmente automóveis e eletrodomésticos) e de setores básicos (energia elétrica e siderurgia). As diretrizes gerais quanto à industrialização dos governos Vargas e Kubitschek basearam-se no processo de substituição de importações. Contudo, no segundo caso (Era Kubitschek), foi adotado um modelo de desenvolvimento associado ao capital estrangeiro. A política industrial do período JK ratificou (confirmou) a concentração industrial brasileira no Sudeste. O modelo industrial característico deste período atrelava-se diretamente à necessidade de manter a produção de bens duráveis nas proximidades dos pólos geradores de matéria-prima, ou seja, da produção siderúrgica e da disponibilidade de recursos energéticos. Além disso, nesta região também se concentrava a maior parte do mercado consumidor. Esta industrialização foi parte do Plano de Metas, com o lema: “crescer 50 anos em 5”.
  • de 1962 a 1964, corresponde a um período de instabilidade e tensão política (Ditadura). Por este motivo, foi acompanhado pela estagnação e declínio da economia e da indústria no Brasil;
  • de 1964 até meados de 1980, implantou-se a modernização conservadora (projetos de crescimento econômico, principalmente durante os governos militares, sem a inclusão de avanços na área social), aconteceu o “milagre econômico brasileiro” (para designar o fato de que, no contexto dos governos militares e do projeto “Brasil-Potência”, entre 1967 e 1974, o País cresceu mais de 10% ao ano em média à custa de um endividamento crescente no exterior), e a “década perdida” (1980), na qual o país esteve submetido a fortes constrangimentos econômicos, financeiros e, sobretudo, sociais.

Referente à distribuição espacial da atividade industrial no Brasil, a concentração industrial aconteceu na região Sudeste, particularmente no Estado de São Paulo, desde meados do século XIX até a década de 1970, como aparece no mapa “Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002”, abaixo:

Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002.
O desenvolvimento urbano intenso, concentrado principalmente na região que forma hoje a Grande São Paulo, foi resultado do processo de industrialização que ocorreu na região, resultado de uma economia de escala capitalista, típica do período fordista: a concentração diminuía os custos de produção, pois a proximidade física reduzia os gastos com o transporte de matéria e mão de obra, além de maximizar o uso da infraestrutura instalada. O fordismo organizava a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais, controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a formação da mão de obra.

Há diferença entre descentralização e desconcentração industrial: a primeira pode ser entendida como a mudança física (parcial ou total) de uma unidade industrial ou da produção industrial de uma área territorial para outra, como, por exemplo, do Estado de São Paulo para outros Estados brasileiros ou da Região Metropolitana de São Paulo para o interior paulista; já a expressão desconcentração industrial costuma ser empregada para designar alterações na distribuição espacial absoluta ou relativa de variáveis como número de estabelecimentos, pessoal ocupado, valor da produção e valor da transformação industrial. Assim, desde a década de 1910 verificou-se uma alteração no processo de desenvolvimento do Estado de São Paulo, com a diminuição da concentração industrial e populacional, que vinha ocorrendo desde o começo do século na Região Metropolitana de São Paulo. Para fundamentar essa explicação, tal processo resultou de três fatores:

a) o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND, 1975-1979), que instituiu uma política econômica bastante clara de descentralização industrial de São Paulo para o resto do País, enfatizando vantagens comparativas e especializações regionais. Como exemplos, podemos citar a exploração de minérios em Carajás (PA), Trombetas (PA), Caraíba (BA), Patos (MG), as siderúrgicas de ltaqui (MA), Tubarão (ES) e Açominas (MG), as petroquímicas de Camaçari (BA) e Paulínea (SP), a fábrica de automóveis da Fiat em Betim (MG), os incentivos à CSN e Vale do Rio Doce (RJ);

b) a deseconomia de escala, isto é, a perda das vantagens comparativas da produção em função dos altos custos produtivos, resultado de uma organização sindical forte, salários elevados, valores de terrenos e impostos elevados. Assim, a guerra fiscal, ou mesmo a isenção de impostos, estimula a deseconomia, ou seja, várias cidades oferecem vantagens para a indústria — menor imposto, grandes terrenos, infraestrutura, mão de obra barata, por exemplo — e a que oferecer melhores benefícios, acaba atraindo a indústria. E a cidade acaba ganhando chances de alavancar seu desenvolvimento;

c) a expansão da infraestrutura no Estado facilitou a dispersão das atividades produtivas para regiões próximas à metrópole do Estado de São Paulo.



Atividade Avaliativa

Data de entrega:
2A- 10/08

2B-10/08
2C-13/08
2D-10/08
2E-10/08
2F-12/08
2G-10/08
2H-13/08
2I-12/08
2J-12/08

O espaço industrial brasileiro

Atividade avaliativa referente ao primeiro conteúdo do 2º bimestre     

Nome: ..................................................................................................................................
Data: ........./........./2015  TURMA: 2 º ano_____

1. Relacione a crise na Bolsa de Nova Iorque de 1929 com o desenvolvimento industrial brasileiro.
2. Quais acontecimentos contribuíram para o desenvolvimento industrial brasileiro no governo de Getúlio Vargas?
3. Quais acontecimentos contribuíram para a industrialização brasileira no governo de Juscelino Kubitschek ?
4. Comentando o Plano de Metas, Luiz Orenstein e Antonio Carlos Sochaczewski, em seu artigo “Democracia com desenvolvimento: 1956-1961” (In: ABREU, Marcelo Paiva de (org.)). A Ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana, 1889-1989.), afirmam “O Governo Kubitschek caracterizou-se pelo integral comprometimento do setor público com uma explícita política de desenvolvimento. Os diagnósticos e projeções da economia brasileira, empreendidas de forma sistemática desde o final da Segunda Guerra Mundial, desembocaram na formulação do Plano de Metas que constituiu o mais completo e coerente conjunto de investimentos até então planejados na economia brasileira.”
a. Mencione três resultados obtidos em decorrência da implementação do Plano e explique seu impacto subsequente na estrutura da economia brasileira. 
b. Analise o desempenho da economia brasileira nesse período no tocante ao crescimento e à evolução da inflação. 
5. Nos países de industrialização tardia, tais como Brasil e México, a indústria se desenvolveu primeiramente pela substituição de importação de bens de consumo corrente, como vestuário e calçados, necessitando, para isso, importar as máquinas utilizadas em seus processos produtivos. Nesses casos, a população se urbanizou em poucas décadas, as atividades urbanas tornaram-se as maiores empregadoras de mão de obra e a agricultura deixou de ser o setor mais dinâmico da economia. Todavia, o setor agrícola continuou a ser de importância econômica vital durante a industrialização desses países, pois precisou modernizar-se para criar condições que viabilizassem a própria industrialização e urbanização. Com base nisso e nos conhecimentos sobre os processos de industrialização tardia, comente, num texto de 8 a 10 linhas, pelo menos três condições necessárias à industrialização que só podem ser criadas a partir da modernização da agricultura.
6. Indique quais fatores contribuíram para a instalação das primeiras indústrias na região Sudeste no início do século XX.
7. No começo da década de 1960 o Brasil passou por um conturbado período político que culminou com o golpe militar de 1964. No governo militar, o período entre 1967 e 1973 ficou conhecido como "milagre econômico brasileiro", quando atingimos a oitava posição mundial em PIB e o primeiro lugar entre as nações subdesenvolvidas ou periféricas. Comente sobre esse período, tendo como foco a indústria brasileira. 
8. Os anos 1990 foram marcados pela globalização econômica mundial, pela política neoliberal e pelas crises econômicas em países emergentes, como o Brasil. Quais foram as consequências disso para as indústrias brasileiras ? 
9. (UERJ)


  A fabricação de veículos automotores no Brasil, especialmente a de automóveis, concentrou-se basicamente no Estado de São Paulo, até a década de 1980. A partir da década de 1990, houve uma redistribuição espacial das montadoras de automóveis no país.
Considerando as informações acima, aponte duas razões que favoreceram essa redistribuição das montadoras no território brasileiro.
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